Três semanas decisivas
Acirra-se a campanha contra Henrique Eduardo Alves, 
candidato a presidente da Câmara, e logo começará outra contra Renan Calheiros, 
que disputa a presidência do Senado. Sem a emissão de juízos de valor a respeito 
do que se publica e se publicará contra eles, vale examinar a razão dessa súbita 
blitz. Será porque ambos são do PMDB? Nesse caso, a quem interessa o 
tiroteio?
Noves fora alguns pequenos setores do próprio partido, 
pessoalmente incompatibilizados com o deputado ou o senador, a maioria de suas 
bancadas apóia os dois. Faz tempo que costuraram entendimentos, pode ser até com 
base no “toma lá dá cá”, mas não se teriam lançado se tivessem dúvidas do 
respaldo de seus companheiros.
Assim, importa buscar fora do PMDB o grosso da tropa 
que agora os combate. Exclui-se, de antemão, as oposições. Ao PSDB, DEM e PPS, 
tanto faz como tanto fez. Sem forças para apresentar candidatos, tucanos, 
democratas e ex-comunistas preferem negociar cargos nas futuras mesas da Câmara 
e do Senado e nas Comissões Técnicas.
O PT sai na frente dessa guerrilha. Afinal, sendo a 
maior bancada entre os deputados e ocupando sua presidência nos últimos dois 
anos, os companheiros imaginavam manter o lugar ou, coisa mais provável, 
esperavam um rodízio. Indo o PMDB para a Câmara, ao PT caberia a presidência do 
Senado, dentro do acordo de sustentação do governo celebrado pelos dois maiores 
partidos nacionais. Nessa hora a maior bancada de senadores estrilou. Como 
entregariam a direção do Congresso, se dispunham de ampla vantagem 
numérica?
Deflagrado o confronto, e tendo a presidente Dilma 
lavado as mãos e declarado que as questões do Legislativo deverão resolver-se no 
Legislativo, sentiram-se os petistas garfados mas livres para sabotar Henrique 
Eduardo Alves, sabendo das amplas dificuldades para minar Renan Calheiros. 
Tentáculos estão sendo estendidos até outros partidos da base oficial na Câmara, 
como PTB, PDT e PSB. Arlindo Chinaglia, do PT, que já foi presidente, colocou 
seu nome à disposição. Júlio Delgado, do PSB, aparece como 
alternativa.
Para minimizar o adversário, o candidato do PMDB 
chegou a agredir o Supremo Tribunal Federal, na tertúlia sobre quem cassa quem, 
no julgamento do mensalão. Até agora a manobra não terá rendido dividendos 
corporativos entre os companheiros. Em suma, as próximas três semanas serão 
decisivas para as definições na Câmara.
REFORMA EM BANHO MARIA
Até agora a presidente Dilma não liberou qualquer 
sinal de que pretende reformar o ministério. Sequer abrir espaço para o PSD, 
tanto que Kassab mandou-se para o outro lado do mundo. Continua a impressão de 
que alterações de vulto na equipe, só em abril do próximo ano, quando os 
ministros-candidatos às eleições gerais precisarão desincompatibilizar-se. Mesmo 
assim, garantir ninguém garante…

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